Esticando

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Book de Moda Lingerie

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Entrelaçada...

Esta Fotografia marca o regresso da minha Série «Gotas», agora inteiramente renovada e com vista a nova Exposição num futuro próximo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Perspectiva de Gaivota

Fotografia realizada no Cabo Espichel já faz alguns aninhos, mas que agora coloco aqui, pois tentei colocar-me no lugar de uma Gaivota e ver a falésia tal como ela a vê em pleno voo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Gotas da Fervura

Mais um trabalho da minha Colecção «Gotas» que esteve em Exposição Individual ao Público no Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luis I, em Abril e Maio deste ano.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

sábado, 6 de agosto de 2011

Texticulos do JPR - Vamos jantar fora!!

"Vamos jantar fora amanhã, sou eu que estou a convidar" disse Cércyo em plena sala da casa de Suão Paluze, após mais um gole do café com cheirinho, como é do seu agrado. Poldy, após esta frase arrojada do marido, olhou para ele e retorquio "massss vamosss a um sitio à vossa escolha que não seija muito caroze". Mariló que estava ao lado de Suão Paluze, encolheu os ombros, como quem diz "já tou acostumada com a porcaria dos jantares fora quando são eles a convidar", nesta altura do campeonato Mariló ainda não tinha amalucado de vez. Por sua vez, Suão Paluze, olhou para Suana, sua filha, esboçou um sorriso e virou-se para Cércyo dizendo "ok, então vamos à picanha ali ao brasileiro", o brasileiro era um pequeno e simpático restaurante, em Massaboa, sobúrbio da linha de Sintra, mas que servia uma excelente picanha e tinha uma bela carta de vinhos.
Tudo ficou combinado para o dia seguinte, embora Poldy, na despedida não conseguisse disfarçar um sopro de indignação, isto já a pensar na despesa do jantar.
Eram já um quarto para as oito da noite quando o belo, mas amolgado, carro nipónico de Cércyo e Poldy começava a odisseia de estacionar no parque traseiro à residência de Suão Paluze, Mariló e Suana. Mais pancada para aqui, mais pancada para acoli e eis que a velha sai do veículo para ajudar o marido - que para ajudar à festa é surdo que nem uma porta - a arrumar o popó. "Maisss para tráze, viraze agoraze, devagareze, troce, troce troce, vá tá quase" dizia a velha aos gritos e o velho fazia tudo exactamente ao contrário. Três ou quatro raspadelas depois e volvidos 20 minutos, a "bomba" nipónica estava estacionada. Suão Paluze e Suana, sua filha, estavam há muito à janela apreciando este autênrico espectáculo, ainda por cima gratuito.
"Bom, vamos descendo" diz logo Suão Paluze, no intuito de abreviar a situação e de evitar que a velha ainda resolvesse subir para fazer um xi-xi.
Como o restaurante do brasileiro ficava apenas a um quarteirão de distância a deslocação foi feita a pé. Como sempre, nem caminhando para o restaurante a velha se calava, e via-se nos seus esbogalhados olhos a preocupação antecipada com a conta no final do jantar que ainda não tinha começado.
De chagada ao restaurante, o dono, o tal brasileiro, pessoa simpática e de trato afável, dirigiu-se a Suão Pauluze que já era cliente habitual e perguntou "Olá como está, é uma mesa para cinco? Pode escolher á vontade!" e foi o que Suão Paluze fez. Chegam logo as primeiras entradas, manteiga d'alho, uns nacos de presunto, uns queijinhos secos e uns quadradinhos de melão, a que todos se atiram com unhas e dentes, enquanto Suão escolhia o vinho mais adequado para o repasto que iria ser picanha na pedra com feijão preto, prato este que no brasileiro faziam divinalmente. Poldy, indignada com tanta fartura diz rapidamente "ai Zezus eu com estass coizasss todas para comereze nas entradazess, já nem, pedia maisss nada, issssto chegava e sobrava" e ainda acrescentou, quase em termo de ameaça e de olhos quase a saír das órbitas "achoze que valeze a penaze pedir uma dozeze para cada unze, talvessssduas dozesss cheguem para os cinco!" e ainda disse mais "eu já essstou cheiaze e a Suana quaze não come nadaze". Mariló encolheu os ombros mais uma vez, Suão Pauluze ignorou o que a velha dizia e Cércyo que era igualmente forreta, mas disfarçava melhor, disse "pede lá o que quiseres e achares melhor, Suão, hoje sou eu que pago". Entretanto, Suão pede ao brasileiero um bom tinto alentejano de Pias para acompanhar a carne. Poldy mais assustada ficava.
Entre a prova do vinho e o que sobrava do presunto e do queijo, Poldy não se calava, falava do Salazar e da sua adoração pelo mesmo, da época em que tinha estado em África quando era educadora dos pretinhos e da felicidade daqueles tempos que infelizmente, para ela, tinham acabado. "Nesse tempoze é que eu era felize, mas entregaram tudo de mãosss beijadass aos pretozes" e disse mais "nós é que tivemozes de vir com uma mãoze à frenteze e outra a tráze, foi uma dezegraçaze". Suana que já era crescidinha e sabia mais ou menos o que tinha sido o tempo do fascismo em Portugal, olhou para o Pai e fez uma careta de reprovação pelo que a avó dizia. Entretanto o velho tenta mudar de assunto porque sabia que Suão não as perdoava à velha e daqui pouco haveria discussão. Mariló, entretanto, provava o vinho.
Picanhas na mesa e tudo a dar ao serrote.
Cércyo fazia a as honras às iguarias com o seu habitual ar próspero, enquanto Poldy ia comendo quase que a medo, como se esse facto fosse baixar a conta no final do jantar.
Mais um bocadinho de vinho neste copo, mais um bocadinho naquele e eis que a garrafa começava a ter aspecto de estar rota... Sem vinho.
Ainda a picanha não ia a meio.
Suão chama o brasileiro e pede mais uma garrafa daquele Pias que estava uma delícia. Poldy sentiu-se apanhada desprevenida, soaram os alarmes no seu diminuto cérebro e ainda tentou salvar a situação para a sua carteira dizendo "ai tanto vinhoze Cércyo, olha que aindaze vaize conduzireze, era melhoreze pedirezes só meia garrafaze", o que não deu efeito pois o brasileiro já estava a sacar a rolha da segunda garrafa. Poldý transpirava de raiva, Cércyo transpirava de tanto comer que nem um alarve, Suão transpirava de ouvir a matraca da velha, Mariló transpirava dos primeiros afrontamentos da pré-menopausa que fez com que mais tarde amalucasse de vez. Só Suana, tranquila, ria e não transpirava.
E chegava a hora das sobremesas.
De novo a velha em estado de choque.
Suana pede um gelado, Suão e Mariló dividem uma fatia de bolo brigadeiro e Cércyo fica entalado, já que Poldy teimava a pés juntos que não queria mais nada, deixando assim o velho que era muito guloso sem parceiro para dividir uma sobremesa. Mariló salva a situção e diz "vá lá mamã, dias não são dias, divide lá uma coisa que gostes com papá", ao qual Poldy acaba por ceder. Cércyo é que ficou a ganhar pois acbou por comer também uma fatia de bolo e Poldy pouco ou nada comeu dele, do bolo claro.
"Cafés?" pergunta o brasileiro, ao qual Suão Paluze responde "são quatro e um descafeinado", é que a velha não bebe café porque diz que fica nervosa e com taquicárdia, o que no fundo até é bom, já que se é impossível de aturar sem café, o que seria com ele. "Não queres um digestivo, Suão" diz Cércyo de novo com aquele ar de falso próspero, e Suão acena para o brasileiro pedindo um Jameson. é neste momento que velha parece desintegrar o seu próprio corpo de tanta raiva, a pensar na conta.
Entre o saborear do café e do Whisky Irlandês, Cércyo, atulado de comida até à glote e já alegrote da vinhaça de Pias com 14 graus, vai contando pela 35.ª vez as mesmas histórias, todas quase sempre durante, segundo ele, os tempos de ouro passados em áfrica.
"Bem, vamos pedir a conta diz Cércyo para Suão Paluze", ao qual Suão obedece acenando ao brasileiro para que faça a soma. Suana ri, mas ri com gosto olhando para poldy nesse momento, chamando a atenção dos demais e de Suão Paluze, também. Realmente o caso não era para menos, Poldy estava em pânico e antes mesmo de ficar vermelha que nem um tomate, já tinha estado azul e verde.
Cércyo, tal como tinha prometido, embora a custo, paga a conta. Poldy insiste em saber quanto tinha sido a despesa e diz "podiamozes terezes comido só duas dozes para os cinco, não tinhamozes tocadozes nas entradazes e não comiamozes sobremezazes" e ainda reclamou mais "nósss, eu e o Cércyo, lá em Vijeu vamozess a um snekeze-bareze, dividimoze uma sopaze, comemozes uma dozeze para os doisss e ficamozes satisfeitozes" - ninguém comentou mais nada.
No caminho para casa mais uma vez Poldy matraqueava a cabeça dos outros com os seu disparates "ai Zezus, Zezus, tou tão cheiaze que nem possoze, acho que comi para trêss dias"

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Corta Gotas

Mais um trabalho da minha Colecção «Gotas» que esteve em Exposição Individual ao Público no Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luis I, em Abril e Maio deste ano.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Aprender a Olhar

Fotografia realizada durante o Workshop com a Modelo Karinne organizado pelo Grupo «Aprenda a Olhar» do qual faço parte da Direcção em parceria com Leonor Portijo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Texticulos do JPR - Domingo à tarde...

Mais um Domingo numa tarde de verão, está calor, muito calor.
Numa casa normal haveria uma ventoinha, um ventilador, ou outra coisa qualquer para refrescar o ar. Mas não aqui, afinal esta é a casa de Poldy e Cércyo, o casal mais sovina de Portugal, da Península Ibérica, da Europa, do planeta Terra, o terceiro calhau a contar do Sol.
Mexe-se o café, bebe-se o café, a televisão está ligada e o computador de Poldy, também. Cércyo diz “almocei mesmo bem, vou ver aqui um bocadinho do que está a dar na TVi”, ao que Poldy responde “olhaze, eu vou aqui verese os correiozes no computadorese e ver se a Zuana me mandou alguma menssagem ou esssstá aqui no mezengér”. Entretanto Mariló, a filha megera do casal que sai à mãe, refugia-se no seu magnífico computador Apple que lhe custou os olhos da cara, mas que nunca larga e vai fechando devagarinho a porta do quarto.
Cércyo acaba por cometer um acto heróico sem querer, pois conseguiu adormecer com a televisão em altos berros, também não admira o velho é surdo que nem uma porta, embora a mulher diga “ele aindase não esssstá muito surduze”, diz isto claro está, para que não se gaste dinheiro num aparelho. Se fosse para ela, era outra coisa…
Quando tudo parece acalmar na casa desta peculiar família, mal se ouvem as teclas do computador onde está Poldy, o que também não admira, vê-la escrever no teclado é o mesmo que ver uma galinha debicar o milho no chão, grão a grão, em suma, leva um minuto para escrever o nome dela – mas dizia eu – de repente Poldy grita “Cércyo, Cércyo, vem cá verese as porcarias de fotosss de mulhereses desavergonhadases que o Suão Paluze meteu no Olharese” e acrescenta “ai Zesus”. Cércyo acorda meio azamboado e lá vai cambaleando aos tombos pelo corredor, obedecendo à ordem da mulher. Ai dele que não obedeça…
Toca a campainha. Zuana, a neta e o namorado, Zuão estão a chegar a casa dos avós. Poldy abre a porta e diz a Cércyo, “olha a Zuana veio ver-noses e trouxese o Zuão”, Cércyo apróxima-se da do jovem casal, convida-os para a sala, aperta a mão ao puto e dá um beijo à neta, Poldy segue-lhe as pisadas, beija a neta e beija o namorado, ambos quase ficam com a cara colada à da velha, o que não é de admirar, ela põe pastas sobre pastas de creme e qualquer um que a beije na face, ou fica colado a ela, ou fica todo besuntado e gorduroso, neste caso foi a segunda hipótese que prevaleceu, já Zuão, o namorado da Zuana, conseguiu libertar a sua face do contacto da face da velha, após três segundos de esforço. Entretanto chega Mariló para cumprimentar a filha e o namorado da filha, dizendo aquele “olá filhota está tudo bem”, em tom de voz Vodafone, e mais um “olá Zuão, tas bom, o teu Pai já está melhor”, é que o Pai do rapaz estava doente desde as férias, e Mariló, cínica, tenta agradar ao pseudo-genro com a pergunta sobre o estado de saúde do Pai do rapaz. É que nunca se sabe o dia de amanhã…
Zuana repara que a avó tinha o PC ligado e a velha, por sua vez, também repara no que a neta reparou e apressa-se a dizer “essstava ali a essscreverese um testose no iord (iord quer dizer word na linguagem da velha) mas agora vou desligarese, logo acabose de essscreverese”, mentindo, pois não queria que a neta visse que ela estava na página das fotos de Zuão Paluze, o Pai de Zuana. A miúda encolhe os ombros, pois já conhece bem a avó e vai dando mais atenção ao avô que entretanto conversava com Zuão.
Mariló, já um pouco farta de ali estar na sala propõe à filha irem para o quarto dela ver umas coisas no computador e Zuana vai, mas salva João de ficar ali na sala sozinho á mercê das garras da velha e leva-o com ela. Zuão é aluno de Mariló na escola dos Carvalhos.
O tempo passa, o calor aperta, a tv não dá nada que interesse aos jovens e o ar enfadonho começa a invadir os rostos. É então que Poldy diz “ e que talese irmoses lancharese lá para dentrose”, Zuana encolhe os ombros e Zuão fica meio perplexo, pois sabe bem que comer naquela casa pode ser uma aventura, quase suicida. Não tendo outro remédio, lá avançam p’rá cozinha, com o velho na frente do pelotão a dizer para o namorado da neta “queres dividir uma cervejinha comigo?”, sim leram bem, dividir uma cerveja por dois, em pleno verão, num dia de calor. Bem sei que isto é um texto de ficção, caso contrário seria inacreditável. “Tenho aqui unzsss Fofinhossss muito bonzs! Vai buscarese os fiambrese, Cércyo”, neste momento já o velho fazia o que a mulher lhe ordenara. Mariló senta-se também para lanchar…
Cércyo como sempre parece um alarve à mesa, Poldy aparenta ser mais delicada nos gestos, Mariló come calada, Zuana quebra o silêncio dizendo umas parvoeiradas ao namorado que tenta em vão esticar a meia cerveja para desenbuchar dos fofinhos, farinhentos e já quase no limite do prazo de validade. Poldy que é uma autêntica princesa do sovinismo, apercebe-se que o namorado da neta come bem e que está a avançar muito rapidamente em direcção ao fiambre sem tirar o olho do presunto e começa logo a guardar os alimentos de novo no frigorifico, tão rápido que alguém que visse esta cena à distância, pensaria que não se tratava de um simples fiambre e um simples queijo, mas sim de alguma iguaria cara, tipo caviar ou salmão fumado.
De regresso à sala, Mariló vai para a varanda fumar o seu Marlboro Lights, os velhos e os putos senta-se de novo em frente à televisão. Os bocejos eram inevitáveis…
Tarde passada, barriga cheia no entender da velha, meio cheia no entender dos putos, e eis que Cércyo arranca do seu belo carro japonês dourado, mas cheio de mossas dos disparates feitos ao volante e trás a neta e respectivo namorado a casa. Poldy vem acompanhar o marido como desculpa para puder controlar os acontecimentos, não vá  a meia cerveja ter toldado o cérebro de Cércyo e este distrair-se e dar mais do que dez euros à neta. Isso seria o descalabro…
Volvida meia hora para fazer cinco quilómetros, Poldy e Cércyo deixam Zuana e o namorado à porta de casa.
Zuana faz planos para gastar os magros dez euritos que os avós lhe deram, Zuão ainda esfrega a cara para retirar a gordura do creme da velha…

domingo, 24 de julho de 2011

Sesta

Fotografia realizada durante o Workshop com a Modelo Karinne organizado pelo Grupo «Aprenda a Olhar» do qual faço parte da Direcção em parceria com Leonor Portijo.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Texticulos do JPR - E afocinhou-se contra a Rotunda!

Era um rapaz de aspecto trigueiro, forte, corado e anafado, um verdadeiro moço do baixo Alentejo. Era e é. Ainda hoje anda na sua "pasteleira", vicio que tem desde muito pequeno.
Segundo conta o David, filho do meu amigo Fernando e da sua esposa, Paula, que também é um  moço forte e de aspecto trigueiro, o outro rapaz, o da bicicleta, um dia vinha nela montado cá com uma gáspia que até levantava as folhas do chão. A certa altura e aproximando-se da rotunda dos Porcos, que fica ao lado do Largo da Feira, surge um carro que também não vinha muito devagar. "Já estou tramado", pensou o moço da bicicleta numa fracção de segundo, e vai de se agarrar aos travões com unhas e dentes. O mesmo fez o condutor do carro que até deixou a estrada pintada de preto.
Perante uma cena destas, todos ficaram de olhos arregalados a ver o desenrolar da cena, todos quer-se dizer, os homens mais velhotes que ali passam a tarde à conversa, por vezes também a jogar uma partidita de dominó e que de vez em quando vão à casa de pasto do Fernando, a Tab25, molhar a goela com um copito para tirar o pó da garganta.
Voltando à cena que deixara os velhotes de queixo caído, o carro, depois de ter tingido o chão de preto, acabou por parar, quanto ao moço da bicicleta, travou tanto, tanto que a roda de trás até derrapou, tal como fazem os jumentos quando não querem entrar numa cancela.
O moço, coitado, afocinhou-se contra a rotunda.

Uma história verídica, contada em Agosto de 2006. Castro Verde, Baixo Alentejo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Gotas do Inverno

Mais um trabalho da minha Colecção «Gotas» que esteve em Exposição Individual ao Público no Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luis I, em Abril e Maio deste ano.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Textículos do JPR - Passa lá a Multa, Pá!...

...Foi o que disse o do meio. O meio de uma correnteza de mesas estrategicamente colocadas em baixo da ventoínha, pois, porque lá fora estavam mais de 38 graus, mesmo com Astro-rei já a dar sinais de ir para a cama. Três amigos petiscavam umas chouriças, uns nacos de presunto, uns queijitos meios-secos e umas azeitonas, tudo bem acompahado daquele pão que só se faz no baixo-alentejo. E p'ra regar, cerveja p'ró da esquerda, tinto pr'ó do meio e água p'ró da direita, este último estava a ordens do médico...
A conversa na fileira de cadeiras que alinhava com a correnteza de mesas de frente para a televisão, andava à volta dos incêndios, tão típicos nesta época do ano. Na tv, a menina que dava as notícias, falava dos fogos e das desgraça alheias, com o mesmo sorriso de plástico da notícia anterior que nada tinha a ver com desgraças. Até me fez lembrar o sorriso do Professor Marcelo Caetano, quando vinha à televisão fazer aquelas ridículas "conversas em família", a tentar convencer os portugueses de que Portugal era um Nação próspera e desenvolvida. Outros tempos.
Voltando à Tasca, a TAB25 do meu amigo Fernando Arsénio e da Paula, sua esposa, entre degustação, gargalhadas e conversas de ocasião, o que é certo é que de chouriças, presunto e queijos, já pouco ou nada sobrava, os copos estavam vazios e a conversa dos incêndios já tinha pouca chama.
Acendiam-se cigarros, bebia-se café e respectivo parafuso - um bagacito pequeno - que é para não ir torto para casa, quando de repente o do meio diz para o Fernando Arsénio - Passa lá a multa pá!!

Uma história verídica alentejana.
Agosto de 2005.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Enredo...

Fotografia de Moda Íntima da minha série «Sweet Detais», trabalho baseado em Figura Humana, formas simples e Gráficas para formar uma composição de impacto forte e imediato.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Condomínio de Gotas

Mais um trabalho da minha Colecção «Gotas» que esteve em Exposição Individual ao Público no Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luis I, em Abril e Maio deste ano.

Testículos do JPR - Uma dia de Praia

Verão, 19 horas, Poldy & Cercyo jantam à mesma hora das galinhas acompanhados por Mariló, sua filha. Ele quase parece devorar a comida sofregamente e a mulher é que vende a conversa fora. De repente, e depois de mais um trago naquele vinho horroroso comprado num supermercado popular - aquele que até distribui um jornal nas caixas do correio e tudo - Cércyo interrompe a sua voragem pela comida e diz “e que tal ir à praia amanhã?!” Mariló encolhe os ombros e continua a comer de cabeça baixa, resmungando entre dentes “isso é com vocês”, Poldy reage como sempre e em tudo, abruptamente exuberante “já sabezes que eu não possoze apanharze muito soleze, muito menosze nas horasss de maior caloreze, porque me fass mal à peleze!”, e diz mais ainda “temus que ireze de manhã cedoze”, ao ouvir isto e não lhe agradando o horário proposto, Mariló que já estava de saída da mesa, diz “se é para levantar muito cedo não contem comigo”. E foi-se.
Cércyio ajuda a mulher a levantar os pratos e diz “amanhã levanto-me e faço o farnel para levar”, ao qual Poldy  responde “não ezazereses com as quantidadezes”, Cércyo acena afirmativamente com a cabeça, forreta como é, quanto menos levar melhor. Entre o barulho dos pratos e talheres a meio da azáfama de arrumar a cozinha, Poldy grita para Mariló “ó filha, o papá vai fazereze o farnel para a praia amanhã, queress que conte contigoze ou nãoze?”, Mariló responde “ok, pode ser”, e Poldy diz ao ouvido de Cércyo “fass mais meia sandeze porque ela vai connoscoze”.
Manhã de Domingo, a família acorda ávida do passeio à praia e o rebuliço é grande para chegar cedo porque Poldy quer chegar cedo. Todos se arranjam com rapidez, só Mariló toma banho, o velho faz a barba e diz “banho tomo depois na praia”, Poldy concorda, pois sabe que assim poupa água, sabonete, shampô e gaz, aliás Poldy não é muito amiga de água, nem de banho. Entretanto, Cércyo enfia o farnel na geleira e diz “vou andando para baixo e espero lá por vocês”. Passado um bocado põem-se a caminho.
A praia fica apenas a cerca de 25 km da casa desta peculiar família, mas a viagem demora mais de uma hora, pois Cércyo não carrega no pedal direito e vai em velocidade de lesma, por duas razões, a primeira porque está ficar um bocado gagá e a segunda porque quer poupar o máximo de combustível.
Chegados á praia, começa o verdadeiro show desta família que tanto tem de ridículo como de cómico, ou das duas coisas. Cércyo abre o chapéu de sol que como é de esperar de discreto nada tem, no mínimo meia dúzia de cores diferentes e também alguma ferrugem do salitre acumulado ao longo de várias épocas balneares. Poldy começa a espalhar creme protector solar por todo o corpo em espessas camadas, mas que de nada serve, já que para poupar, a velha mistura óleo Jonhson no creme para render mais… ou para fritar mais, vá-se lá saber…
Entretanto, Mariló meio a bocejar ainda, afasta-se da confusão, pega na toalha, e deita-se nela a uns dois metros de distância. Poldy estava quase em transe para pôr tudo em ordem, pendurando pequenas toalhas de bidé nas bordas do chapéu de sol com molas de roupa e tudo – isto não é um texto surrealista – isto é uma verdadeira família na praia, a um domingo de um qualquer dia de verão. Passado um bocado, Cércyio diz “acho que vou dar um mergulho”  e vai mesmo, logo Poldy lhe segue as pisadas e começa o show aquático. Cércyo que mal sabe nadar, mergulha de lado e nada de lado, tipo quase á cão, mas sempre de lado. Poldy agita o diminuto rabo e as gigantescas mamas nas pequenas ondas com dois palmos de altura, bem ao jeito dos patos nos lagos dos jardins e ainda por cima grita “que maravilhaze que isssto é, paraceze messsmo um zacuzzzi!” Cércyio ignora e continua a nadar de lado. Logo a seguir chega também à água Mariló que não mergulha mas dá umas braçadas e diz “a água está mesmo boa papá”, ao qual Cércyo responde como um troglodita “aaaargh está muita boa eiágua hoje”. Poldy continua no seu agitar e até os putos que jogavam à bola por ali perto, pararam por momentos para ver a velha a tomar aquele banho tão peculiar.
Depois de tanto chapinharem na água regressam às areias, ainda frias pois o astro-rei ainda não tinha aquecido o suficiente. Poldy espalha mais daquela mistela a que chama de protector solar pelo corpo ainda molhado e chama Cércyio “anda cá maridão para eu te poreze cremeze”, ao qual Cércyo não tem outro remédio senão ceder á ordem de Poldy. Pouco depois e após a aplicação da mistela, Cércyo fica com um aspecto lastimável, tipo molhado e gorduroso em simultâneo. Mariló é que não vai na conversa e espalha um creme caríssimo que é só dela, agarra num livro daqueles que estão na moda nas livrarias e começa o seu momento de leitura, enquanto põe os phones nos ouvidos, não só para ouvir música, mas essencialmente para não ouvir os disparates da velha. Entretanto as toalhas de bidé ganham vida, Poldy coloca uma sobre a testa e justifica o acto dizendo “assimze protejuze a cara do soleze, e tu maridão põe uma também”. Cércyo finge que não ouve.
Uma hora de sol depois, chega a hora de comer o farnel. Cércyo pega na geleira e começa a distribuir o económico manjar dizendo “trouxe muita comida, toca a comer para não se estragar”. Muita comida, é para ele meia sandes para cada um e uma duas cervejinhas para três pesoas, mais uma peça de fruta para cada um. Ah, a velha ainda levou dois iogurtes feitos lá em casa por ela numa máquina de iogurtes que só mesmo ela e Cércyo os conseguem comer… A meio da farta refeição de praia, Cércyo diz “estas sandes estão boas” e Poldy responde “fizesteze comidaze demaisss, vai-te fazereze mal e já não podesss ir maisss à iágua”. Cérzio encolhe os ombros e percebe que a mulher quer ir embora mal acabe de comer. Mariló come calada e saca da mala um iogurte daqueles que anunciam na televisão que levou só para ela. Mais dez minutos de sol e toca a arrumar todo aquele arsenal de coisas para voltar ao lar.
Durante o caminho de regresso, e já a pensar no almoço tardio em casa, Cércyo comenta para Poldy “tenho lá uns carapauzinhos para grelhar ao almoço, fazes um esparguetezinho para acompanhar?”.
…E os putos voltaram a jogar à bola, mas já sem motivos para rir.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Gotas na Lua

Mais um trabalho da minha Colecção «Gotas» que esteve em Exposição Individual ao Público no Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luis I, em Abril e Maio deste ano.

Segredos...

Ensaio de Composição & Estética Gráfica com Figura Humana e adereços simples.

domingo, 10 de julho de 2011

Uma Casa no Monte

Anoitece na Casa do Monte...

Textículos do JPR - Poldy e o Asadelta

Perseguir, perseguir, perseguir, era o lema de Poldy, a protagonista desta história. Tudo começou quando Poldy, ávida de espionagem, decidiu ter um meio aéreo para controlar tudo à sua volta e em particular o Suão, seu inimigo figadal. Cércyo, marido e companheiro de muitos anos de Poldy era um homem com jeitinho de mãos - não interpretar mal esta frase - o jeito de mãos era para a mecânica, ferragens, ferramentas e afins. Mas dizia eu na minha narrativa, que Cércyo resolveu ajudar a sua cara-metade e assim oferecer-lhe um meio de transporte inovador para a espionagem e ao mesmo tempo rápido e económico.
Entretanto, Poldy verborreiava entre dentes " esse Suão só pensa em porcariazes de sesso e é um malandroze" e irritada dizia ainda para Cércyo "teins de ireze comigo viziar o que esse malandroze do Suão anda a fazereze". Cércyo, com a sua habitual calma retorquio "calma mulher, estou a construir um Asadelta para ires atrás do Suão Paluze". Foi então que Poldy pulou de alegria e esbracejando e gritando de felicidade disse para Cércyo "obrigadoze, mas despacha isso depressaze".
Cércyo trabalhava sem parar na sua oficina. Tinha comprado um Asadelta em segunda mão e estava a colocar-lhe alguns remendos na asa, para evitar que Poldy caísse a pique logo durante o voo inaugural. Mas Cércyo queria aplicar um motor no Asadelta, mas isto trazia-lhe um problema, sovina como era, não queria gastar muito dinheiro. Ainda se lembrou de propulsão a gás, saía baratinha pois bastava dar uma feijoada a Poldy umas horas antes da partida e pronto, nem motor era preciso. Mas... e se os gases de Poldy acabassem a meio do voo? Lá vinha a sua amada a pique por aí abaixo...
Foi então que Cércyo teve uma ideia, lembrou-se que lá na terra, ali para os lados de Vijeu, tinha um velho corta-relva a motor de que já não precisava. Meteu-se no carro com Poldy e foram ambos passar o fim-de-semana a Vijeu para trazerem o motor do corta-relva. Dito e feito.
Passados alguns dias, e depois de muito trabalho na oficina, Cércyo deu como pronta a contrução do primeiro Asadelta com motor de corta-relva alguma vez construido, e só restava testá-lo para que nada de errado acontecesse a poldy durante os voos de espionagem a Suão Paluze. Cércyo ainda dotou o aparelho de um sistema de comunicação de ondas curtas, para que Poldy lhe pudesse fazer um relato ao vivo do que estava a ver durante a perseguição a Suão Paluze.
Os testes correram bem, à excepção de um ou outro rasgão na asa esquerda, mas Cércyo reforçou bem as questuras e coisa lá ficou melhor remendada.
Finalmente chegava o grande dia para Poldy, que mal podia esperar para iniciar a espionagem a Suão Paluze, seu inimigo figadal. Uma hora antes da largada, Poldy já estava equipada a rigor para o voo inaugural: capacete de orelhas com óculos tipo piloto da Primeira Guerra Mundial; lenço vermelho ao pescoço, e um fato branco tipo macaco, daqueles que se vendem baratinhos no Aki para pintar casas; luvas de cozinha cor de rosa; e as suas habituais e inseparáveis socas nos pés. Tudo isto formava um conjunto digno de um filme americano.
Entretanto, Cércyo abastecia o pequeno depósito de combustivel do motor do Asadelta, enquanto Poldy se sentava aos comandos desta inédita máquina voadora e apertava o cinto de segurança. A cadeira adaptada, tinha sido uma daquelas de plástico que os adeptos do futebol arrancam enraivecidos quando o clube está a perder, que Cércyo tinha comprado num ferro-velho, e o cinto de segurança não passava de uma tira de lona que em tempos tinha pertencido a uma velha mochila que Poldy levava para a praia.
Chegado o grande momento, e já com motor a trabalhar, Cércyo deu um beijo de despedida a Poldy e esta ainda disse "deixe-teze dessazes porcariazes, até parecezes o Suão Paluze".
Cércyo acenava enquanto o Asadelta acelerava fumarento pela curta pista e se elevava no ar. Mesmo assim ouviam-se os gritos de Poldy "ha ha ha ha, agora é que vaisss ver como elas te mordenze Suão Paluze". E desapareceu entre nuvens...
Cércyo ficou apreensivo.
À espera.
Infelizmente tudo correu bem para Poldy e para mal da humanidade, Poldy voltou passada meia-hora...

domingo, 3 de julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

quinta-feira, 30 de junho de 2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Musa

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João Redondo | Poesia

Gotas de Baco



Fotografia do meu projecto «Gotas» que esteve em Exposição no Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luis I, em Maio e Abril deste ano.
Obra propriedade da Familia Leal.